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Vendas de smartphones e tablets crescem mais que 100% em 2013

01 JAN 2014

Mesmo com o desempenho fraco da economia em 2013, as vendas de tablets e smartphones cresceram 142% e 122%, respectivamente. Impulsionados por preços menores e pela tendência de substituição de aparelhos menos modernos, os setores fazem parte dos 13 que se sobressaíram no ano passado. Ao lado da TV por assinatura e da graduação à distância, essas atividades cresceram mais que dois dígitos e inspiram um futuro promissor.

TABLET

Mais da metade dos tablets vendidos no Brasil em 2013 custaram até R$ 500, segundo a consultoria IDC.

O preço do dispositivo, menor do que o de um computador de mesa (com ticket médio de R$ 600) e de muitos modelos de smartphones é, para o analista de mercado Pedro Hagge, o que impulsionou as vendas de tablets neste ano.

A IDC estima que o número de tablets comercializados deve crescer 142% em 2013.

Mesmo em um ano em que a oferta de crédito caiu e a inflação subiu, Hagge afirma que a queda nos preços levou os brasileiros a comprarem os tablets como dispositivos de entrada no mundo digital.

"O tablet é mais barato do que outros dispositivos com acesso a internet. Um smartphone equivalente em velocidade e processamento custa cerca de R$ 800", diz.

A diminuição dos valores é explicada por Hagge pela chegada de fabricantes nacionais e asiáticos ao mercado nos últimos dois anos. Em 2011, incentivos fiscais entraram em vigor para a produção do aparelho no país. Hoje, empresas brasileiras como Multilaser e Positivo oferecem produtos até por R$ 300.

"É o [preço] que consumidor está disposto a pagar pela navegação na web."

Segundo o presidente da Abinee (associação da indústria elétrica e eletrônica), apenas 18% dos 7,9 milhões de tablets comercializados no Brasil é importado.

Para 2014, a estimativa da associação é que o produto corresponda a 45% do mercado de informática.

A expectativa de Hagge é de diminuição no ritmo de expansão. "O setor tem crescido três dígitos desde que chegou ao país. Isso porque a base instalada é bem pequena se comparada a de celulares." Com o aumento da base, o analista prevê um crescimento de 36% em 2014.

"Acreditamos que o usuário acaba se frustrando com a experiência de uso de um dispositivo barato e que vai optar pela compra de um tablet melhor."

SMARTPHONE

A tendência de substituição de celulares GSM (sistema considerado de segunda geração), somada à queda dos preços de smartphones, está incentivando a venda dos aparelhos mais modernos, dizem especialistas.

No ano passado, estima a consultoria IDC, as vendas de smartphones cresceu 122%.

Para o presidente da Abinee (associação da indústria elétrica e eletrônica), Humberto Barbato, 2013 foi um ano de "troca pura". "Houve a substituição de um modelo pelo outro. A tendência do próximo ano é que haja uma queda nos telefones tradicionais."

De acordo com a Abinee, o número de smartphones deve crescer 61% em 2014, enquanto os celulares comuns devem decrescer 44%. A análise da associação é que neste ano o mercado foi dominado pelos celulares inteligentes (52%, contra 48% dos GSM). A troca foi possível por conta da queda dos preços, estimada em 13% entre 2012 e 2013.

A diminuição, explica o analista de mercado da IDC Leonardo Munin, seria consequência do aumento da concorrência. "Há novas empresas chegando, começa a existir uma competição e um aumento da variedade de produtos."

Com valores mais amigáveis e maior oferta de modelos, os consumidores conseguiram trocar seus aparelhos, mesmo em um cenário de crédito caro e aumento do endividamento.

Para Munin, a substituição é encarada pelo consumidor como uma necessidade. "O motivo principal é a mudança no comportamento das pessoas. Há urgência de se tornar móvel", disse.

A previsão para 2014 é de redução no ritmo de crescimento, com 61% de elevação nas vendas. A transição de dois para três dígitos, explica Munin, é natural, porque a base instalada aumentou muito nos últimos dois anos. Dados da Telebrasil (associação de telecomunicações) mostram que em dezembro de 2011 havia 33,2 milhões de smartphones ativados no país, em outubro eram 85,6 milhões.

"A expansão vai continuar porque a classe C não entrou de vez no setor. Ela vai nos dar oportunidade de crescer porque adquire o dispositivo mais básico e, depois de um ano, vai comprar um melhor."

GRADUAÇÃO À DISTÂNCIA

Com a educação se consolidando como investimento prioritário para os brasileiros, a graduação à distância deve crescer 15% em número de matrículas em 2013. A estimativa é da Abed (Associação Brasileira de Ensino a Distância).

Em pesquisa feita em maio pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), para conhecer as prioridades dos jovens, a educação foi o item mais citado pelos participantes (85,2%), que tinham entre 15 e 29 anos.

O diretor da Abed, Luciano Sathler, explica que, ao se tornar indispensável, o setor não foi afetado pelo crédito mais caro ou pela inflação alta. A ascensão da classe C, afirma, ajudou a garantir o resultado.

"O brasileiro está se endividando para estudar. Quando há avanço nas classes, as pessoas percebem que, após suprir necessidades básicas, podem mirar mais alto."

O número de matrículas na graduação à distância aumentou de 5.359 em 2001 para 1.113.850 em 2012, segundo o Censo da Educação Superior de 2012, realizado pelo Inep.

A modalidade cresce em ritmo superior ao do ensino presencial. Entre 2011 e 2012, as matrículas da graduação à distância cresceram 12,2%, contra 3,3% da presencial. A expectativa da Abed é chegar a cinco milhões de alunos da graduação à distância em 2022.

A esperança de crescimento ficou clara na expansão de empresas do setor. "Tudo o que está acontecendo na bolsa de valores, a abertura de capital do Grupo Ser, a fusão de Anhanguera e Kroton estão baseados no crescimento esperado", afirma Sathler.

Estima-se, segundo a Abed, que 30 milhões de pessoas ainda possam aderir ao ensino à distância. São brasileiros com idade média de 28 anos, que trabalham e não conseguiram fazer o ensino superior no período normal, entre os 18 e 24 anos.

Pela flexibilidade dos cursos, que permitem o estudo em horários alternativos, e os preços menores, esse tipo de graduação agradaria aos trabalhadores.

 

TV POR ASSINATURA

O mercado de TV por assinatura deve crescer 13% em número de assinantes neste ano, segundo o presidente da ABTA (associação de televisão por Assinatura), Oscar Simões.

De acordo a associação, em outubro do ano passado havia 15,7 milhões de usuários, diante de 17,7 milhões em outubro de 2013.

Para Simões, o resultado é consequência da entrada de novas empresas no mercado, o que tornou os preços mais competitivos e melhorou o custo-benefício. "Pelo preço de um par de ingressos inteiros no cinema, você compra um pacote de TV por assinatura", diz.

Um estudo sobre confiança do consumidor, realizado entre agosto e setembro pelo instituto de pesquisa Nielsen, indica a preferência. Quando perguntados "Quais das seguintes medidas você tomou para reduzir despesas domésticas?", 58% dos entrevistados responderam "reduzir entretenimento fora do lar", enquanto apenas 23% disseram "reduzir o entretenimento no lar".

Simões afirma que a inflação e o endividamento maiores não afetaram o setor porque o nível de emprego não caiu - ao contrário, em dezembro registrou-se a menor taxa de desemprego na série histórica do IBGE. "O produto é sensível. Se houver queda na renda, vai prejudicar. Enquanto a atividade econômica estiver no pleno emprego, a ameaça é menor."

As expectativas para os próximos anos é que o crescimento se mantenha, apesar das novas ofertas de vídeo, como o download de filmes.

"As novas formas não podem ser ignoradas, mas ainda são complementares. Com toda essa expansão, a TV por assinatura está só em 30% dos lares. Há espaço para crescer", afirma.